sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Apresentações: Escrita - Maria Rocha

Abrimos aqui um novo espaço no blog onde todos os novos talentos que "descobrimos" com este trabalho se apresentam a si próprios. Vamos dar-vos a conhecer muito melhor cada um deles na exposição mas por agora fica apenas uma biografia e um dos trabalhos a apresentar dia 29 e 30 de Janeiro, no Átrio Principal da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Maria Rocha

Natural de Lisboa, nascida em 1986. Finalista de Sociologia do Trabalho na Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Autora de "Anos, Metamorfoses & Companhia lda" (Corpos Editora, 2006) tendo colaborado nos dois primeiros números da revista literária Callema (Cooperativa Literária) e no, já extinto, site de música hiddentrack.net... O que interessa mesmo é muito pouca coisa. É escrever, ler e juntar essas duas coisas enquanto se multiplicam as sensações. É um convite.


Borracha por Maria Rocha

Senta-te aqui. Eu continuo a contar as inspirações, as expirações. Trabalho-as para que não te perturbem como as vezes que abro e fecho as pálpebras.
As pestanas atingem-me. Nasce um barulho estrondoso quando o meu coração se perde nesta engrenagem milimetricamente ensaiada.
As minhas pernas estão alinhadas, os meus pés rectos. as minhas mãos dentro dos bolsos e a minha cabeça faz-te uma vénia, mas os meus olhos...
Os meus olhos seguem-te, tentam apresentar-se e escondem-se de seguida. Os meus olhos fogem de ti. Eu não te conheço. Desculpa se te toquei,
se te distraí. Tenho medo. (pausa) E não. Não tenho. Mas não quero que me ofereçam palavras hoje. Tenho música para me acalmar, para me
abastecer a alma. É a minha banda sonora que me protege. Estico as pernas, cruzo os braços, a cabeça levanto-a, mas os olhos tentam
mais uma vez conhecer-te e... nada. Tenho tanta vergonha. Eu sou... tu. Sou o teu espelho. Uma das infinitas versões que possuis. E tu és o meu.
Mas vamos fingir que não sabemos. Vamos fingir que quase nos tocámos, quase nos falámos. amanhã vejo-te outra vez e apago-te outra vez.

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